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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Das ressacas
Nem sempre é hepática, resultante de excessos do beber ou de ingerências da comida. Às vezes é emocional, das coisas, dos eventos repletos de mensagens ou vazios da vida. Da ingesta indigerível de fatos, atos, ocorrências... percepções, anseios... externados ou não. 
A existência impõe dessas situações: nem tudo é como desejado, nem tudo é bem feito, acertado, escolha ponderada, bem tomada, consciente. E o resultado, esse não falha, vem depois.
A manhã desperta torta, ou não desperta, só levanta. Sequer acorda, só acontece... marcada por ponteiros, em minutos, horas que rodam como rodam idéias e sentidos, já cambaleantes ao deitar, trôpegos, bêbados dos acontecimentos do dia.
O céu é cinza seja qual for sua cor. Não há brisa... mas torpor. Algo assovia e não é vento. Algo balança e não é rede. Uma bigorna ocupa o espaço entre as orelhas, fazendo o pensar passear, pender, erguer-se... em busca de equilíbrio.
O mar acontece na cabeça. Pensamentos vêm em vagas, uns sobre outros, em sequência, arrebentando em espuma de sensações estranhas, mal definidas, atropelando amiúde o bom senso.
Corpo, o que é corpo ? Algo se movimenta. E dói, moído, surrado que foi em briga interna, no embate entre ondas, antes de sucumbirem e entregarem-se deslizando sobre a areia. A marcha é dos pinguins, em bloco, esquisita, sem fluidez, tentando manter de pé o que quer deitar. E os olhos, ah, sem brilho, sem graça, como de peixe.
Nada-se em correntes de ações frias e sentimentos acalorados, embotados, embolados, repletos de nós.
A esperança é que, na trilha do tempo, aos poucos encontre-se bússola, ergam-se velas, alcancem-se remos... e a embarcação possa aprumar-se, acertar rota, retomar rumo, ajeitar destino.




Bommmmm dia !