Um susto é mais que uma exclamação. É um vazio momentâneo, a ausência de tudo por um pouco, um vácuo explosivo. É a supressão aguda das certezas com o estouro do inesperado. Um bloqueio passageiro do ser, um congelamento da razão.
Há um corte transitório de vida. Abre-se uma fenda instantânea na existência, com abolição de comando consciente e ativação de um programa automático. A mente busca mecanismos de proteção, o corpo responde, simplesmente. A biologia se manifesta e as reações físicas tomam o espaço da surpresa. Falta algum ar, pupilas dilatam. A pressão se altera, a pele esfria, as pernas não se sustentam, o coração dispara - parece querer fugir, procura um caminho... quase sai pela boca, engasga na garganta. O peito aperta, encolhendo-se em cólica, surdamente. Músculos, vasos, nervos, válvulas se contraem, tentando esconder-se, talvez fugir da novidade súbita.
O susto subtrai-nos do imprevisto por breve instante. Para o tempo um pouco, alça-nos rapidamente ao espaço. Consegue congelar um instante efêmero e fugaz: por um momento ele evapora.
Então sobrevém a realidade, a emoção se liberta... e a nova verdade vive... até que, adiante, sem as exclamações, seja um ponto... no passado.
Bommmmm dia !