Do sol & das coisas

Não assisto mais ao sol,

Em seu nascer.

Só às sombras

Ou espectros

Que se insinuam

Em cores esparsas,

Entre colunas,

Sem ver contornos.

Mudei

De casa, cama, mesa...

Como o vivo muda

E é lei

Mudar.

Passei

A outro endereço,

A outra etapa...

Outras vistas,

Outras janelas e emoções...

Outro andar.

Deixei

Pertences, pegadas...

Trocando peles,

Trazendo memórias,

Transitando estações.

Sei

Tantas coisas invisíveis.

Sinto, tanto, sem ver.

Há, ainda assim, certa saudade,

Da aurora imponente

Descerrada à sacada,

À excelência do sol.

Há perder no ganhar.

Há ganhar no perder.

Não assisto mais ao sol,

Em seu nascer.

E o sei lá...

Em majestosa presença,

Enorme energia

E luminosa solidão.

Bommmmm dia !