Um corpo apoiado na cadeira, a música vinda de longe: começa a alquimia.
A conversa vai abrindo, cedendo espaço à melodia, que se avoluma, adensa, chama. Eis que toma lugar na cena, invoca, conclama atenção... dirigida, antes, apenas a estórias, relatos, risos.
Mãos balançam, dedilhando a mesa. Pés tocam o chão e, suspensos, ensaiam sair do lugar. Iniciam-se movimentos... encadeados com quadris. Nada consciente, mas imanente... num crescente agitado, modulado pelo som, mudando o andamento de tudo. Irresistível !
Ondas, forças invisíveis invadem, enlevam, encantam: feitiço sonoro de efeito embriagante, entorpecente. Abarcam todo ser, apoderam-se dos sentidos, fazem da carne refém... que se move animado.
Membros têm vida e, aparentemente independentes, desenham mudanças amplas de postura, alteram toda linguagem corporal. Num instante, orquestrados são conjunto: maestro, bailarinos e balé num palco só... que não se contém, põe-se de pé, compondo marchas e rés.
O corpo se solta, em deslocamentos amplos, sinuosos... bailando braços, passeando pernas, circulando o salão... sem peso, pudores, inibição... parecendo leve, parecendo livre.
No alto de um salto eleva-se o humor, leva-se a alegria às alturas. E o ser se acaaaaba, dançando !... Colorindo a face com sorriso de criança, adolescendo o coração maduro, lavando a alma.
Bommmmmm dia !