Pode parecer
fácil e não ser tão simples. Assumir-se, quando adulto, demanda coragem. Moldado
por educação, cultura, cobranças, decepções, defesas... falta ao adulto o que é
inerente à criança. Aceder à porção natural e espontânea da infância, acomodando-a
adequadamente em outra idade, pede não apenas desejo mas empenho da vontade. A
consciência dos benefícios - um ponto de partida - isolada é insuficiente.
Inadvertidamente,
sem perceber, o ser que “cresce” ergue máscaras que supostamente o protegem e
fortificam, que parecem facilitar o enfrentamento dos fatos, a lida com as
coisas da vida.
De disfarces a
muros, estabelecem-se padrões de conduta, incorporam-se papéis, fixam-se
características vendidas como verdadeiras. De tão exercitadas são compradas até
mesmo pelo próprio criador, que incorpora o personagem, vivendo o palco em tempo integral.
Mas máscaras
têm um peso. O que defende também pode atacar. Com o passar do tempo respirar
fica difícil, falta ar interior. Viver o que se sente, dar vazão às
necessidades internas passa a ser indispensável, vital. A autenticidade pede
passagem, cobra espaço... e encontra barreiras. A essência apenas quer o que
lhe é de direito: sair, aflorar, fluir um pouco mais. Defronta-se, contudo, com
limites, muralhas auto-impostas.
É quando advém
outra etapa. Começa o trabalho de subtrair, eliminar camadas de tinta, desvencilhar-se da
camuflagem, da roupagem excessiva... no anseio de caminhar mais leve, mais solto.
É a maturidade
que chega, como etapa evolutiva, querendo promover o encontro do adulto com sua
criança, com sua natureza espontânea latente, guardada, adormecida.
Assim as
partes do todo podem fazer as pazes, reconciliar-se. Ao associarem-se com
mais verdade, as faces do ser criam possibilidades para uma convivência mais pacífica e
harmoniosa entre qualidades e defeitos, potenciais e limitações, força e doçura:
tudo o que o Ser quer ter !
Bommmm dia !