A natureza é cíclica... e didática.
A periodicidade natural nos seres e nas coisas, além de muito interessante, consegue ser surpreendente. Por trás de cada ato “mecânico” há um relógio biológico perfeito... sujeito a ajustes. A adaptabilidade gera a novidade.
Há um quê de muito especial no trivial do dia-a-dia. Descobri-lo pede apenas a atenção dos sentidos. A janela de casa pode ser um presente em sons, imagens e emoções. Da minha, assisto as noites se anunciarem com a algazarra das andorinhas na copa da imensa figueira do outro lado da rua. À medida que vão chegando à pensão, aumenta o volume do bate-papo, que só cessa quando a suprema luz se apaga.
A imaginação também voa... e parece possível decifrar suas conversas: “todo mundo pra cama, chega de bagunça ! “, “dá pra parar de papagaiar que eu quero dormir ?!”. Seguem-se pios... de vaias e assovios... até que o barulho dá lugar à calmaria, interrompida, num quando em quando, por orquestração de cigarras.
Nas manhãs, outras tantas repetições incríveis ! Ainda antes do acender da luz do céu, é possível ouvir as vizinhas andorinhas, em gritos agudos.Talvez eufóricas por mais um dia inteirinho para voar ou, quem sabe, reclamando por um mingau de inseto ou da vitamina de minhoca do café da manhã...
É certo que algumas garças cruzarão o céu, da esquerda para a direita da minha janela, lá por quinze para as sete, e que mesmo antes disso já estarei contando carneirinhos, observando-os subir a montanha para seu desjejum.
A natureza é, sim, previsível, mas encanta sempre porque sua riqueza é infinita. Em seu modo cíclico de reinventar-se, ela surpreende sempre. E enebria !
Aprender a escutar a vida em volta... abrindo os ouvidos do espírito... deve ser a natureza da sabedoria.
Bommmmmm dia !