Baseamos nossas vidas no concreto, no que podemos palpar, no que podemos ver, como se isso nos desse garantias, nos estabelecesse no espaço, nos colasse ao tempo, fincasse nossas bandeiras e nossos pés em terrenos estáveis. Mas somos volúveis, somos voláteis. Integralmente. Nós e tudo mais ao redor. Nada dura por mais que um instante de muitos ou poucos instantes menores.
Este momento jamais será vivido igualmente. Cada respiração é uma, cada sensação é única. O amor eterno tem duração limitada, o sabor de um beijo nunca se repete. A recordação não é o recordado. Nem o pensamento se repensa idêntico: perece... e resume-se em não mais que um pensar. Não sustentamos sequer nossa vontade, que também se transforma e, de repente, não é a mesma. O que é, agora, noutro agora não é mais. Nem a sombra, nem o suspiro, nem o susto. Nem o sorriso, nem a face, nem a emoção... nem a matéria. Nada é como foi. Nada dura mais do que pode durar.
Baseamos demasiadamente nossa existência, instantânea, em substantivos e adjetivos pontuais. Prendemo-nos demais a coisas transitórias e banais !
Bommmmm dia !