Há pessoas que não se deixam abraçar.
Não que não permitam que lhe coloquem os braços ao redor. Simplesmente não conseguem deixar-se envolver. Percebe-se nelas uma postura guardiã de sua sensibilidade - receber não é verbo conjugado sem alguma resistência ou desconfiança, com entrega.
Há pessoas que não se deixam abraçar.
Ao tentarmos circundar-lhes num gesto caloroso, encontramos seres inertes, objetos flácidos ou rijos que chegam a encolher-se ou afastar-se para trás. Falta-lhes convivência com o calor alheio.
Há pessoas que não se deixam abraçar.
Para alcançar-lhes além da superfície, ultrapassando as camadas físicas, há de haver delicadeza... como numa primeira vez, num ato real de amor.
Há pessoas que não se deixam abraçar...
Porque não foram abraçadas.
Há pessoas que não se deixam abraçar...
Porque têm medo... de abandonar defesas, deixar cair armaduras: receio de vulnerabilidade.
Há pessoas que não se deixam abraçar...
Porque não sabem como fazê-lo. Falta-lhes treino físico nessa modalidade de exercício emocional.
E pensar que basta naturalidade !... Elevar um pouco os braços, permitir-se permeável... e soltar-se !... Para que aconteça um vazamento, um brotamento de carinho.
Temer o quê, perder pedaço ?
Num abraço ?
Bommmmmmmmmmm dia !