Movidos pelas demandas externas, pelos apelos da sobrevivência, habitualmente pilotamos a existência tendo o mundo ao redor como foco, desviando-o de nós mesmos, esquivando-nos de guard rails e acelerando rumo ao futuro ansiado.
Mas o frio invoca introspecção, pede algum recolhimento. Ele convida ao encontro de cada um consigo mesmo. Chama o ser mais para si ao nos fazer encolher, encapsular no próprio corpo. Encasulamo-nos em agasalhos, entre paredes. Fechamo-nos, nos retraímos. Acostumados a olhar para fora, somos mais estimulados a passeios íntimos... dentro de casa e de nós mesmos.
O frio atrai-nos à posição fetal – numa tentativa de retorno ao universo particular. Convida-nos ao silêncio - onde nossos próprios pensamentos podem ser ouvidos e interrogações internas são capazes de despertar ou ser alçadas do exílio.
Afeitos a correr, somos impelidos a reduzir marchas. Habituados a admirar o palpável, somos convidados a contemplar o invisível. Quando, no entanto, somos incitados a olhar para dentro tendemos a resistir. Por quê ? Qual o perigo em agregar informações e acoplar novas rotas ?
Enxergar dentro é ver melhor fora. Alcançar o interior é ampliar o exterior.
O frio pode aquecer !
Conhece-te a ti mesmo é a máxima para os invernos... para colheita em todas as estações.
Bommmm dia !