O que queremos da vida ?
A resposta é sabida e ainda sim um mistério. Um mistério continuamente renovável. Todos ansiamos pelo mesmo bolo felicidade, cientes de seus ingredientes básicos – amor, saúde... paz. Mas acertar a mão é outra estória. A receita, se há, é secreta, ficando seu exercício a cargo de cada um.
O que existe, o que está agora, pode mudar a qualquer momento. Nós, os viventes aqui em questão, desabrochamos e murchamos, brotamos e fenecemos em ciclos de anos, semanas, instantes.
Somos movimento desejando parada, calmaria querendo ação, contraditórios e oscilantes entre a ânsia por surfar grandes ondas e observar a maré mansa. Assim, sempre um tanto descontentes - de modos diferentes - vivemos em conflito... com períodos de remissão.
Há um mecanismo interno propulsor que nos impele adiante, que pede andamento, empurrando-nos a procura do desconhecido. Há um sistema de freios que quer serenidade, reduzir velocidades, promover o desfrute tranquilo, contemplação.
Que seres são esses, estranhos e previsíveis, nos quais moramos e que mal conhecemos ? A pergunta acompanha nossa existência, sendo frequentemente ignorada exatamente para não perturbá-la... uma vez que não apresenta, definitivamente, uma resposta.
Ansiamos por verdade e precisamos de ilusão. Sonhamos com amor, perseguimos a paixão. Demandamos liberdade, autonomia, pedindo cumplicidade, romantismo... agindo com possessividade, divididos. Somos maduros inocentes, crianças em corpos grandes, adolescendo mentes e emoções... eternamente.
Vivemos aventura e tédio alternantes. Movimento e repouso são igualmente necessários. Excitação e placidez se complementam: contrapontos do equilíbrio.
Não temos todos os defeitos, tão pouco todas as qualidades. Não nos oferecemos tudo que de que sentimos carecer... e buscamos complementarmo-nos no outro, que muda também. E que também jamais terá um pacote pleno a oferecer... por todo tempo. Então vivemos procurando - ainda que não nos demos conta – alguém ou algo que nos permita parar de procurar.
Assim, a busca se faz, em fases... com encontros e partidas, acolhidas e adeus.
São viagens pessoais e coletivas, intermitentes para sempre.
Temos, teremos respostas ? Sim, até aportarem novas interrogações.
Estamos, estaremos satisfeitos ? Sim, por momentos... de duração interrogável, duvidosa.
As certezas são do agora, que é novo a cada aqui.
Somos mutantes, inconstantes... enquanto vivos.
É aceitar... e seguir... mudando.
É aceitar... e seguir... somando.
Bommmmmmmm dia !