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Lobo do lobo

Tecemos as próprias redes,

Criamos, para nós mesmos,

As armadilhas.

Caímos,

Somos pegos

E nos prendemos...

Escravos de desejos,

Em teias de ilusão.

O homem é lobo do homem,

Não demanda inimigos.

É caçador e presa,

Zelador e prisioneiro

Da própria consciência,

Criador

E predador

De seu destino.

Bommmmmm dia !

Paciência

Musculação, levantamento de peso, boxe ?
Não. Paciência é o exercício que requer mais força. Ela não provém dos músculos mas pede tanto ou mais treinamento que qualquer modalidade física. Movimenta pensamentos, neurônios, vias de condução nervosa... sistema respiratório. Atua na liberação de hormônios, sentimentos...

Ah, como é difícil dominar impulsos, silenciar, calar... sem sofrer ! Conter um vulcão em erupção não é tarefa de braços fortes mas atividade poderosa da razão... em espetáculo de equilíbrio. Ela precisa ser forte para suplantar a efervescência da emoção. Mais ainda, demanda ser bem treinada, estimulada carinhosamente ao adestramento.

Em condições normais de temperatura e pressão, de tranquilidade, o certo é simples. No entanto, basta que essas variáveis se alterem um pouco para que o certo seja duvidoso.

Paciência não é substantivo fácil, não é adjetivo rápido, não é ação perene. Não oferece garantias de manutenção. Cada novo estímulo representa um novo teste, podendo derivar em fracasso ou superação. Nada menos que o trabalho constante e a calma persistência para desenvolver alguma habilidade de auto-controle.

Quando nos destemperamos regredimos, damos corpo ao animal interno: instinto suplanta consciência. Recobrada, percebemo-nos frágeis. O ser levado exclusivamente pelas emoções não é dono de si.

Ser Gente pede paciência - um exercício complexo... de força interior.

Bommmmmmm dia !

Serenidade

Serenidade é um grão, uma semente que leva tempo para germinar. O fruto é doce, tenro, terno, leve, macio, delicado... mas corre perigo de extinção. Seu cultivo não é simples. 

Serenidade não é produzida em laboratório, não aceita melhoramento genético. Reproduz-se exclusivamente em cativeiro, com cultivo interior. Requer monitoramento, demanda investimento, treinamento regular, dedicação efetiva. Quem está disposto a fazê-lo ?

Em contrapartida, é prima distante da onipresente inquietação: são água e vinho... e não se dão. Entretanto, esta prima inquieta, amplamente difundida, tem monopolizado nossas vidas. E cobra juros altos: vivemos ansiosos, aos sobressaltos.

Queremos agora, queremos ontem, queremos pronto, queremos sempre, queremos já ! Quem se dá ao trabalho de cultivar o que custa frutificar ?

Pare, contemple... respire fundo !... Mais !... Mais uma vez !...

Repita isso, repita muito... repita sempre !... Descanse a mente.

Dedique-se, comprometa-se, invista em ser unidade, em serenidade.

Cultive-a, plante-a grão a grão, diariamente.

Equilibre seu ecossistema. Proteja sua natureza !

Bommmmmm dia !

O Foco

Há uma forma imediata de nos sentirmos mais satisfeitos.

Ao invés de pensar no que não tem,

que tal focar no que já conseguiu ?!

A felicidade não está na próxima aquisição.

Haverá, depois dessa, sempre o desejo de uma outra.

Felicidade não é possuir o que nos falta

mas desfrutar, saborear o que possuimos !

Aproveite mais o que aí está !

Usufrua, sinta mais !...

Pessoas, coisas, lugares... presentes em sua vida !

No presente !  

Bommmmmmmm dia !

Lembrar

Ah, a lembrança !...

De repente, num instante,

Sem promover movimento

Nos conduz a outro lugar.

Consegue somar

Sem nos subtrair.

Somos arremessados a horas passadas

Perdidas no tempo

E então encontradas.

Assim, do nada.

De repente,

De modo convincente,

O que já foi

E não é mais,

É real novamente !...

Bommmmmmm dia !

Lições naturais

Começa a chover, esfria...

Depois de dias de sol e calor, as primeiras gotas d'água anunciam que a seguir tudo estará diferente. Não apenas as condições climáticas, mas estéticas e emocionais.

Pouco a pouco as cores se transformam - no céu, no chão, no ar. E não se trata da subtração do azul, mas de alteração da transparência atmosférica que o permitia evidente. Não se trata da eliminação do amarelo, mas da vidência de outros matizes. Nada nos é tirado. O que os olhos percebem em branco e cinza é apenas o convite a outro olhar.

Alteram-se sentidos, sensações e sentimentos. Alguns despertam, outros querem dormir. A pele, relaxada, que respirava ofegante, de poros abertos, mostra-se mais contraída. Refresca-se, resguardando o coração. Arrepia, reagindo à novidade, afoita pelos carinhos que hão de vir... provavelmente através de tecidos macios. Os cheiros da terra, do mato, do asfalto, são perfumes... despercebidos até a chegada da chuva. A mudança filtra odores e altera a propagação de ondas sonoras. Os sons em geral ficam mais mansos, menos tensos. E é possível dar-se conta mais facilmente do que possa ser silêncio. Tudo parece menos... intenso. Tudo parece mais... delicado. Muda a música da vida !

Frio ou calor, claro ou escuro, sol ou chuva ?

A alternância destaca, a mudança ressalta o que naturalmente se complementa. Alteram-se padrões, substantivos... mas a qualidade, adjetiva, é interpretação de cada um.

O encontro faz-se pela busca.

E a beleza está na forma particular de procurar e perceber.

Bommmmmm dia !  



Momentos de graça

O paraíso não conhece o tempo.

Não sabe o que é isso,

Não tem essa dimensão.

No paraíso reina a eternidade...

Ainda que condensada em instantes.

Bommmmmm dia !

De mente

Mansão de egos e sonhos,

Reino de ilusões e conflitos medonhos,

A mente não é somente

Baú de neurônios.

É celeiro de sementes,

Maternidade de idéias,

Labirinto de emoções,

Biblioteca da razão.

Paraíso... ou prisão !

Bommmmm dia ! 

Autenticidade & força

Não somos perfeitos, ou invencíveis, mas resistimos a aceitarmo-nos assim. Só os fortes permitem-se ser vulneráveis. Só os fortes permitem-se ser autênticos, sem erguer barricadas, vestir fantasias ou impostar carapaças. Compreendem que a força não está na força, mas na delicadeza da verdade... porque ser vulnerável é parte de ser humano, de ser real.

Comumente escondemo-nos em armaduras, usamos máscaras "protetoras" e outros disfarces. Dificilmente somos o que aparentamos e aparentamos o que somos, integralmente. É preciso ser realmente forte para ser transparente e deixar-se ver em seus vários matizes.

No desejo de aceitação, colorimo-nos e mudamos formas. Camuflamo-nos de acordo com ambientes, ocasiões, companhias. Muitos vivem tão intensamente seus personagens que mal se reconheceriam sem eles.

Vamos usando, ao longo do caminho, diferentes tintas, pincéis e traços. Felizmente, mais maduros, tendemos a suavizá-los, assumindo cores originais, papéis mais reais. Tendemos a sentir menor necessidade de maquiagem e somos capazes de usar melhor os filtros absolutamente indispensáveis. A roupa que cai bem é a da autenticidade !

Quando o vigor físico começa a diminuir e parece que nos tornamos frágeis, sobrevem a força de assumir-se e viver com mais transparência, aceitando as reentrâncias e buscando graça nas saliências.

Quem temos força para ser ?

Bommmmmmm dia !

Relacionamentos

Relacionamento é ligação. Relacionamento é troca.

Tecer bons relacionamentos é construir um suporte à nossa própria estrutura. Não sobreviveríamos ao trapézio da vida sem essa tela de amparo e proteção.

Por mais que nossos corpos subsistam à solidão, nossas mentes e corações não sabem viver sozinhos. A relação de troca afetiva é alimento da alma, moeda social, uma via essencial à sobrevivência do ser que é humano.

Nada que se construa é realmente apreciado se não compartilhado com outro alguém. Nada tem sentido por muito tempo se não for dividido para ser multiplicado.

A energia que existe na troca interpessoal nos sutenta e move. O relacionar-se edifica fortalezas - abstratas, impalpáveis... mas fortalezas ! Construímos, nesse entrelaçar de vidas, nosso arrimo e arrego, impulso e base... espelhos e reflexões. As idas e vindas de sentimentos - cambiados em gestos, atos, palavras e até silêncios - são fios que tecem as malhas do viver.

Relacionamento é permuta, via de mão dupla.

Relacionamento é investimento... de aplicação pessoal. 

Relacionamento é administração... de diferenças. Bons relacionamentos pedem dedicação: graduação e pós graduação... em atenção, respeito, doação, paciência.

Conviver deve ser unir para acrescentar, criando uma terceira e maior entidade: NÓS.

Bommmmm dia !

Intimidade

A intimidade que importa

Não é do corpo,

Não é da cama...

Mas a que divide, revela, reclama

Interesse

Genuíno...

Bem-querer.

É processo de entrega

Que partilha,

Inspira,

Motiva,

Emociona...

Desenhando, em conjunto,

As trajetórias.

É vivência

Que nos expõe,

Sem faz de conta.

Que não maquia fraquezas, pecados...

Disfarsa fragilidades.

Que aceita a humanidade,

Imperfeições.

É envolvimento

Que nos desvela

E soma

Como somos...

Conhecendo,

Criando,

Fazendo história...

Sem jogos

De posse, 

Sedução

Ou poder.

É benção...

Que nos permite Ser. 

Bommmmmmmm dia !

Vivências

Informação é só conceito

Enquanto não se torna experiência.

A mente apreende, aceita,

Arquiva em crenças...

Mas o ser incorpora a aprende

Na pele,

No sentir...

Conjugando no peito o pensar,

Convertendo-o em emoção...

Tendo mais que teoria,

Sendo matéria viva,

Início, meio, fim,

Transformação.

Bommmmm dia !

Exercitar o invisível

Dizemo-nos compostos de corpo, mente e espirito mas não distinguimos além de uma casca. Ser um conjunto de órgãos num pacote de pele, ossos e músculos já parece complexo demais para nós !...

A realidade, entretanto, é que movemo-nos através de algo mais que braços e pernas ! Somos motivados, conduzidos por algo mais que a conexão mecânica de sistemas corporais. Algo impalpável e invisível nos rege. Não somos senhores absolutos nem de nossos corpos. Não temos total controle nem sobre nossas funções. Somos camadas de desconhecido, caixinhas vivas de surpresas, pacotes misteriosos de emoção.

É saboroso ir desfazendo esses nossos embrulhos, desatando nós, limpando papéis, compondo e firmando laços. É saborosa a nossa exploração. Tão bom nos descobrirmos, conhecermo-nos mais, melhor !

Alguns de nós, no entanto, insistem em erigir muralhas particulares, fechar-se em casulos, como se conter-se fosse a única forma de subsistir. Muitos vestem armaduras, guardando faces doces dentro de si. Ah, mas armaduras enferrujam, oxidam !

Emoção é o invisível que nos rege. É o que dirige mentes e alimenta espíritos, que faz das conexões mecânicas, conexões funcionais. E exercitar boas emoções é viver bem !

Escondendo seu amor, guardando seu calor ?

Para quando ? Para quem ?

Triste economia !

Bommmmmmm dia !



Re nova ação

Demita as certezas.

Convide as novidades,

Viva outras experiências.

Questione velhas respostas,

Encontre novas interrogações.

Busque outras afirmativas,

Motivos e razões.

Altere o olhar...

Mude sentidos.

Faça novas amizades...

Conversando mais consigo.

Construa novas lembranças.

Há mágica na mudança !

Bommmmm dia !

Química !

Quatro, três, dois... bummmm !

Às vezes basta um instante, uma faísca... e dá-se a reação !

Às vezes mana assim, de repente, destituída de etapas, prontamente, privando de domínio os elementos da equação.

Acontece a mistura invisível, revelada em arrepios, ansiedade, taquicardia... alegria, atração. São diversas as expressões da alquimia.

A simples presença pode bastar. No dar o ar da graça, na passada sem pressa, na entrada apressada ou chegada discreta... que chama atenção.

Uma palavra, um sussurro, um gesto... um só movimento pode ser combustível, alimento, princípio de tudo, início de incêndio, combustão.

Ah, e quanto a nadar silenciosamente nas águas do lago do olhar ?! Ou mergulhar nas ondas do mar de um sorriso ?! Às vezes nada é mais perfeito... nada mais é preciso !...

Nas notas de um perfume, num toque, um contato... ocorre o encanto. Pensamentos se perdem, desejos se encontram... em curvas, aclives de corpos... ou passeios da imaginação.

Pode ser diferente, no entanto. A química é física... ou não. Pode vir num passo a passo manso, num balanço gostoso de descobrir e mostrar, devagar... num conclave de almas ou concílio de mentes... em conjunção.

Sentimentos emanam, sensações fluem, partilhadas, quando há sinergia... transmitida em silêncios ou palavras, escritas ou faladas... com o coração.

Somos substâncias que se encontram, agem, respondem, interagem... combinam-se na magia... das viagens naturais e misteriosas da energia... por canais da emoção.

Bommmmm dia !



Tristezas

A humanidade também bate na gente

E a gente apanha, sempre,

Como criança indefesa...

Ainda que cresça.

Chora, ferido,

Não de dor na carne

Mas de peito apertado,

Um choro sentido,

Nem sempre molhado,

Que derrama, mudo,

Preso,

Escondido,

Guardado.

Inunda...

Sem se deixar ver.

Escurece a gente

Sem claro porquê.

E a gente sangra...

Sentimento

Gota a gota...

Choro de lágrima pouca

E muita emoção.

Faz parte da vida !...

Bommmmmmmm dia !

Uma pausa para... 

Em meio a tanto trabalho, tantos deveres e batalhas, em meio a tanta seriedade, tanta ocupação... deve haver lugar para o ócio, para o relaxamento, para a lascidão. Deve haver intervalos de recreio, instantes de passeio, um tempo para deixar-se ser. Deve haver espaço para preencher com nada, sem desgaste mental ou pretensões objetivas.

Nossas mentes precisam de ar !
Nossos motores também pedem refrigeração.
Nossos sistemas operacionais demandam pausas... antes do off total.

Em meio a tantos prazos, produção, pressão, deixe um espaço vazio... para  reticências... e talvez suspiros... e exclamações ! Abra portas, janelas... lugares por onde outros ares possam entrar, refrescando a existência.

Pare um momento. Só um instante. Pare tudo !
Solte-se um pouco. Solte os ombros, o papel, as preocupações... e se perceba. Há mais em você - muuuito mais - que um cumpridor de tarefas, um executor de comandos, um fazedor de coisas.
Alguém mora aí dentro !... 

Dê-se um alô de vez em quando. Visite esse outro ser.
Pare, relaxe... abasteça-se... também de você !

Bommmmmmm dia !

Para os dias de chuva...

Ah, chuva !...

Transparência, frescor, música !...

Vem passear... sem se molhar !

A gente chega próximo a uma porta ou janela,

Fecha os olhos, virados para o vento... que canta...

E se põe a ouvir...

E se deixa acarinhar.

Percebe o perfume da água...

Às vezes com notas de terra.

Até mesmo de asfalto é possível.

Nota, no intervalo entre as gotas,

O som do silêncio escondido.

Sente na pele o arrepio,

Melodia da carne

Em resposta ao frio

E ao calor do momento,

Irreproduzível...

De desvelo,

Carinho,

Descobertas singelas.

Permita-se perder-se

Nesse espaço de tempo

Em doce devaneio

Que é ganho certeiro

De vivência

E emoção.

Depois, segue...

Com mais sabor...

A fazer... seja lá o que for.

Bommmmm dia !

Manhãs

Cada dia é um novo começo.
Ao acordarmos, pela manhã, deixamos para trás muito mais que uma noite bem ou mal dormida, mas tudo que aconteceu antes daquele momento em que os olhos se abrem.
É como se zerássemos o contador: nada volta !
Só é possível ir adiante, dar novos passos, realizar novos movimentos, empreender novas ações.
Tudo pode ser lembrado, copiado... mas não revivido.
Tudo é obrigatoriamente novo. Cada ato, cada gesto é inédito !
Isso, na verdade, é possível o tempo todo: cada instante pode ser o final e o início para qualquer coisa.
Ah, mas as manhãs revestem-se de uma aura especial !...
Elas evocam começo, são um chamado, têm apelo inaugural.
Marcam mudanças de cor, de estado, de posição... celeste, corporal...
Apagam as sombras e oferecem luz.
Deixam o passado e abrem-se em presente, de presente, em potencial puro !

A-cor-dar às manhãs é estar vivo... e ter um dia inteiro pela frente para criar, pintar... podendo tudo !

Bommmmm dia !

Nas diferenças

Naturalmente buscamos nossos pares procurando semelhanças. Elas nos oferecem o conforto da familiaridade e parecem favorecer trocas.
Tendemos a estabelecer laços baseados em igualdades, sentimo-nos à vontade em meio ao "conhecido". As forças de atração humanas não acompanham as leis da física num primeiro momento: o que temos em comum nos aproxima, nossas diferenças nos afastam.

Talvez procuremos no outro uma extensão de nós mesmos, ou nosso reflexo, ou simplesmente desejemos nos sentir em casa, à vontade, seguros. Na paridade não nos sentimos ameaçados. A convivência tende a ser mais fácil, mais leve na uniformidade, no mundo das semelhanças - o que é muito bom mas limitante !

Para expandirmos esse universo agradável mas restrito ( quantas pessoas se enquadram em seus perfis ? ) basta notar que nos identificamos na igualdade mas aprendemos nas diferenças. Elas oferecem novos elementos, informações, sensações e experiências: são fontes de evolução.

A proximidade complementa, a distância acrescenta.
Nas similaridades nos unimos, nas adversidades podemos crescer.

Se nos dispusermos a usá-las para somar elas farão toooda diferença !

Bommmmmmm dia !

Sonhos

Sonhos são abstrações possíveis, necessárias: o princípio de tudo.

E enquanto cabeças vão às nuvens, pés devem estar no chão.

O ideal... e o desafio... é sonhar sonhos que germinem em sua mente,

floresçam em seu peito

e frutifiquem em suas ações.

Não empreste, não alugue...

Sonhe os seus sonhos... e os de mais ninguém !

Bommmmm dia !

Espelhos

Somos guiados por imagens. Elas nos acompanham e dirigem. Nós, que podemos ver, não nos sabemos verdadeiros sem mirarmos o espelho. 

Primeiro, na infância, é jogo, brincadeira, descoberta... que aos poucos vai se fazendo concreta, uma referência absoluta. Aquele vidro trabalhado expõe nossos contornos, mostra nossos traços, revela nossas emoções. Faz-se amigo, inimigo, confidente. Aos maduros é, geralmente, objeto fazedor de objeção.

Espelhos ampliam ambientes... mas podem reduzir horizontes. Estão por todo lugar... sendo guias físicos, gurus emocionais, psicólogos, advogados, juízes mudos... que se expressam por sinais. Comunicam, palpitam, censuram. Aplaudem, incentivam, estimulam. Encarnam o eu... que conversa sem falar.

Silenciosas, suas opiniões são ouvidas, interpretadas, seguidas. Dirigem-nos, estáticos: ditam o que usar, o sentir, o pensar. Exercem controle, têm poder.

Mas espelhos não mostram recheio, não refletem almas, não revelam conteúdo, não desvelam corações.

Somos mais que essas imagens... muitas vezes só miragens !

Bommmmmmm dia !

O olhar do tempo

Quando contemplamos o passado nos achamos, lá, sempre um pouco tolos.
Quando olhamos para trás nos encontramos diferentes do que nos acreditávamos naquele presente. A maioria de nós enfrentava internamente muitas dúvidas ao mesmo tempo que se julgava imbatível, ostentando certezas. Acreditávamos saber, mesmo sem experimentar. E experimentávamos mesmo sem saber porquê. Sabíamos pouco... julgando-nos tão certos de tudo !

 Quando contemplamos o passado nos confrontamos com a mágica do tempo, compreendendo muitas de suas mensagens e as benesses de sua passagem.
A juventude que parece perdida encontra-se viva: transformada, maturada, convertida em mais saber. Os olhos de ver o mundo mudam o mundo sem perceber.

 Ainda pouco sabemos. Mas sempre um pouco mais.
Somos ainda um pouco tolos. Mas talvez um pouco menos.
Olhar para trás mostra-nos como mudamos, como podemos mudar...
e melhorar, cada vez mais conscientes... do poder do nosso olhar.

Bommmmmmm dia !

Aos poucos...

Pequenos ajustes são mais fáceis de implementar do que grandes mudanças.

Se não podemos, de repente, dar-nos grandes alegrias, as pequenas são possíveis !... E um conjunto delas pode fazer enorme diferença.

Que tal, hoje, antes de dormir, pensar em algo que gostaria de fazer e que acaba sempre deixando para depois ?! Algo bem simples mas que pode promover algum instante de prazer, de bem-estar. Pode ser ligar para alguém com quem não fala há tempos, parar um momento para tomar um sorvete no parque, gastar cinco minutos admirando o céu, a natureza... ou ouvir aquela música especial. Qualquer coisa !

Comprometa-se a fazer no dia seguinte... e faça !

Passe a comprometer-se, depois, com alguma coisa simples todos os dias.
E a realize !

É estimulante, é gratificante !

Experimente as mudanças aos poucos... em suaves prestações ! 

Bommmmmmm dia !

Voaaaar

Pássaros voam... sem correr,

Voam... sem pressa,

Voam... com leveza,

Voam... com beleza,

Voam... lançando-se ao invisível,

Voam... entregando-se...

Ao infinito campo das possibilidades.

Voam... mergulhando no nada das certezas,

Com movimentos simples,

Coordenados,

Em momentos apropriados

Ditados por sua própria natureza,

Guiados pelos sentidos.

Ah, são programados...

Para ser livres

Como jamais seremos

Porque mal andar sabemos...

E, mais que voar, queremos

A razão.

Bommmmmm dia !

Criação

O exercício  de criação nos faz sentir especiais. Algo em nosso interior borbulha, efervesce... e derrama... em formas menos abstratas que o simples desejo. A idéia se transforma em substância, em concreto. É a efetividade de uma intenção, é realização. Realização tripla: em ato, obra e emoção. De fumaça faz-se a fogueira.

Ver em matéria o que imaginara a consciência é suplantar a ficção, é tornar palpável o impalpável, possível o impossível: uma viagem do mundano ao divino.

O exercício da criação subtrai-nos do mundo coletivo para concentrar-nos na própria essência. Transforma-nos em mini-deuses privados, senhores do universo pessoal... ao menos por instantes - uma graça suprema: felicidade !

Dar asas à imaginação é exercitar potenciais. Fazer acontecer é converter energia em formas... gerando outras energias, outras vias de alimentação. Assim pode-se voar...  mantendo os pés no chão !


Crie !
Crie-se !
Reinvente-se !

Bommmmm dia !

Voando... ou sendo atropelados ? 

Como viver neste mundo,
Admirável e novo
A cada instante,
Um mundo imprevisível,
Modificado a largos passos,
Tão mais rápidos que ontem ?

O que valia,
O que vigora ?
Até quando ?

O que se sabe,
Que é muito,
Que é tanto,
É sempre pouco.

A informação, multiplicada,
Viaja vista, ouvida,
Virtuada...
Tão veloz,
Instantânea,
Acelerada...
Que, fugazmente,
Conduz o tempo
E altera estados.

Apodera-se de pessoas,
Dos pensamentos...
Multiplicados,
Desvirtuando o espaço
Até dos corações.

Bommmmmmmm dia !