Começa a chover, esfria...
Depois de dias de sol e calor, as primeiras gotas d'água anunciam que a seguir tudo estará diferente. Não apenas as condições climáticas, mas estéticas e emocionais.
Pouco a pouco as cores se transformam - no céu, no chão, no ar. E não se trata da subtração do azul, mas de alteração da transparência atmosférica que o permitia evidente. Não se trata da eliminação do amarelo, mas da vidência de outros matizes. Nada nos é tirado. O que os olhos percebem em branco e cinza é apenas o convite a outro olhar.
Alteram-se sentidos, sensações e sentimentos. Alguns despertam, outros querem dormir. A pele, relaxada, que respirava ofegante, de poros abertos, mostra-se mais contraída. Refresca-se, resguardando o coração. Arrepia, reagindo à novidade, afoita pelos carinhos que hão de vir... provavelmente através de tecidos macios. Os cheiros da terra, do mato, do asfalto, são perfumes... despercebidos até a chegada da chuva. A mudança filtra odores e altera a propagação de ondas sonoras. Os sons em geral ficam mais mansos, menos tensos. E é possível dar-se conta mais facilmente do que possa ser silêncio. Tudo parece menos... intenso. Tudo parece mais... delicado. Muda a música da vida !
Frio ou calor, claro ou escuro, sol ou chuva ?
A alternância destaca, a mudança ressalta o que naturalmente se complementa. Alteram-se padrões, substantivos... mas a qualidade, adjetiva, é interpretação de cada um.
O encontro faz-se pela busca.
E a beleza está na forma particular de procurar e perceber.
Bommmmmm dia !